Como expressou Victor Hugo, “Há algo de azul em todas as coisas que nos levam para o infinito”, também existe conexão entre tecnologia e arte. Provando cada vez mais ser verdade, cientistas da Universidade do Estado de Oregon criam por acidente o que se tornaria o diamante do mundo da arte: uma tonalidade de azul excepcionalmente vibrante e durável, o Azul YInMn.
Desde sua descoberta, o azul YInMn tem despertado interesse em uma variedade de áreas, incluindo arte, design, moda e tecnologia. Desde então, artistas têm explorado suas possibilidades criativas, incorporando-a em pinturas, esculturas e projetos de arte contemporânea. Na indústria de design, o azul YInMn é valorizado por sua singularidade e versatilidade, sendo utilizado em produtos de alta qualidade e design de interiores sofisticados.
Um marco científico
Os cientistas têm limitações técnicas para criar novas cores, mas têm a capacidade de desenvolver materiais que interagem com a luz de maneiras inovadoras. Foi assim que em 2009, o Dr. Mas Subramanian e sua equipe, descobriram uma nova sombra de azul, marcando a primeira síntese de uma cor em laboratório em mais de dois séculos. Essa conquista foi uma surpresa, já que a última descoberta significativa de azul ocorreu em 1802, quando o químico francês Louis Jacques Thenard criou o azul cobalto.
Batizado de Azul YInMn, o nome desta nova tonalidade deriva dos elementos ítrio, índio e manganês, que compõem o pigmento. A descoberta foi totalmente acidental, ocorrendo durante uma pesquisa sobre as propriedades elétricas dos óxidos de manganês.
Durante experimentos nos quais aqueceram misturas dos óxidos desses três elementos a altas temperaturas para estudar suas propriedades magnéticas, eles retiraram as amostras do forno e foram surpreendidos ao encontrar um azul intenso, resultante da combinação inesperada dos materiais de cor branca, amarela e preta.
A cor azul sempre foi altamente valorizada ao longo da história. Acredita-se que seja o primeiro pigmento sintético fabricado pelo homem, com registros de sua produção no antigo Egito por volta do terceiro milênio a.C. No entanto, apesar da sua importância, o azul é uma das cores mais desafiadoras de se sintetizar, sendo notoriamente instável como composto inorgânico. O que é mais intrigante sobre o azul é que ele não ocorre naturalmente no mundo.
Embora o céu, o oceano, algumas penas de pássaros e olhos possam parecer azuis, não há pigmento real neles. A cor azul nesses casos resulta de uma estrutura física específica. Ao contrário de outras cores que podem ser moídas e aplicadas como pigmento, o azul é único nesse aspecto.
O Azul YInMn se destaca entre outras composições de pigmentos inorgânicos devido à sua formação de cristais, conferindo-lhe propriedades superiores. É notavelmente estável, resistente a ácidos e álcalis, durável, suporta altas temperaturas e a exposição aos raios UV, além de ser atóxico. Essas características fazem dele uma escolha particularmente atraente para artistas e designers, especialmente na restauração de obras de arte. O azul YInMn, por exemplo, é semelhante ao azul ultramarino, um pigmento tradicionalmente usado em pintura, mas com a vantagem adicional de durabilidade superior.
Propriedades Únicas
O que o torna tão especial é sua capacidade de refletir a luz de uma maneira única, produzindo um azul intenso e luminoso que se destaca entre outras tonalidades de azul. Além disso, essa cor é extremamente estável, resistente a desbotamento e capaz de manter sua intensidade mesmo em condições adversas.
Reconhecimento Global
Em 2016, foi oficialmente reconhecido pelo Instituto Pantone como uma nova cor e foi incluído no Sistema de Cores Pantone como “Azul de Oregon”, em homenagem à sua origem na Universidade do Estado do Oregon. Desde então, o azul YInMn tem continuado a inspirar a imaginação de pessoas ao redor do mundo, deixando uma marca indelével no mundo da cor.
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