Mesmo enfrentando desafios ambientais e os impactos da pandemia de Covid-19, a expectativa de vida da população mundial tende a continuar aumentando. O Global Burden of Disease Study (GBD) 2021, publicado no The Lancet, projeta que até 2050 a expectativa de vida global deve crescer em média cinco anos. Essa previsão reflete tanto avanços na medicina quanto melhorias nos sistemas de saúde ao redor do mundo.
A pandemia de Covid-19, embora tenha causado uma crise global de saúde, também desencadeou um aumento significativo nos investimentos em saúde pública e pesquisa médica. Esses investimentos resultaram em avanços tecnológicos e na capacidade de resposta a emergências sanitárias. Além disso, a conscientização sobre a importância da saúde pública foi amplamente ampliada, promovendo políticas de prevenção e tratamento mais eficazes.
Mesmo com os contínuos problemas ambientais, que incluem mudanças climáticas e poluição, a tendência de aumento da expectativa de vida persiste, demonstrando a resiliência e adaptabilidade das sociedades modernas em buscar melhores condições de vida e saúde.
Aumento da expectativa de vida humana
O estudo do Global Burden of Disease (GBD) de 2021 projeta uma mudança significativa no perfil das doenças nos próximos anos, destacando um aumento nas doenças não transmissíveis (DNT) como doenças cardiovasculares, câncer, doença pulmonar obstrutiva crônica e diabetes. Fatores de risco como obesidade, hipertensão, dieta inadequada e tabagismo contribuirão significativamente para essa carga de doenças. Isso sugere que, apesar de um aumento na expectativa de vida, muitas pessoas passarão mais anos lidando com problemas de saúde.
As previsões mostram um aumento na expectativa de vida global, de 73,6 anos em 2022 para 78,1 anos em 2050, um incremento de 4,5 anos. A expectativa global de vida saudável (HALE), que representa os anos que uma pessoa pode esperar viver com boa saúde, também deve aumentar de 64,8 anos em 2022 para 67,4 anos em 2050, um ganho de 2,6 anos. Além disso, o Dr. Chris Murray, da Universidade de Washington e Diretor do Instituto de Métricas de Saúde e Avaliação (IHME), observa que a disparidade na expectativa de vida entre diferentes regiões geográficas deve diminuir.
Contudo, embora as desigualdades na saúde entre regiões de alta e baixa renda permaneçam, as disparidades estão diminuindo, com os maiores aumentos previstos para a África Subsariana. Essas tendências refletem uma evolução tanto na longevidade quanto na distribuição mais equitativa da saúde.
‘Este é um indicador de que, embora as desigualdades na saúde entre as regiões de rendimento mais elevado e mais baixo se mantenham, as disparidades estão a diminuir, prevendo-se que os maiores aumentos sejam na África Subsariana’
Chris Murray
Ele enfatiza a necessidade de enfrentar fatores de risco metabólicos e dietéticos crescentes, que são fortemente influenciados por comportamentos e estilos de vida. Problemas como açúcar elevado no sangue, índice de massa corporal alto e hipertensão são críticos para a saúde pública, e abordá-los de maneira eficaz pode transformar a expectativa de vida global.
Murray sugere que, ao focar em mudanças comportamentais e no estilo de vida, é possível mitigar os efeitos adversos desses fatores de risco. A promoção de dietas mais saudáveis, a conscientização sobre a importância de manter um peso corporal adequado e o controle da pressão arterial podem desempenhar um papel vital na melhoria da saúde global. Além disso, políticas de saúde pública que incentivem estilos de vida mais saudáveis e a implementação de programas educativos podem ajudar a reduzir a prevalência dessas condições.
Com essas intervenções, há potencial para não apenas aumentar a expectativa de vida, mas também melhorar a qualidade de vida das populações em todo o mundo.